Por: Eric Costa e Silva.
Dias após dias
Tuas malhas crescem vigorosas
As margens jogam os construtores.
Dias após dias
Num viver servil vivemos
A limpar, concertar e edificar!
Pedaços teóricos projetados em imaginações.
Mesmo deitados na tumba do universo
Os ventos tocam os corpos
Onde os mortos cantam afoitos.
Adormeçam! Musas encantadas
Com o timbre do tambor a bater magnífico
Nas asas dos futuros ainda incertos
Apenas vibrem o amargor das lágrimas
Cintiladas na sonhada sinfonia idílica
Do guerreiro sem espada
Quieto e esquecido.
Há todos os cantos de cada instrumento em letra
Normais visitas sucumbem à água fria do lago
Nos banhos de gente simples
Sempre saboreamos os doces corpos
A saltar esculpidos aos olhos
Uma formosura juvenil da balconista do restaurante.
As imponentes formas do cotidiano
Nesta viajem astral de todo meu eu
Nos faz lembrar a matreira infância.
Que me revelavam em sonhos!
Todos os anjos de candura ilibada
Juntos estão a voar pelos quartos dos poetas
Pelas plenas plumas do travesseiro
Ainda marcam o livro da vida.
No sabor da gratidão incomum
Quista nas letras de aço de concreto armado
Vistas nos mármores da igreja matriz
Os anjos guardam as suas historias
Na mesma vala dos lordes.
E ambos nos dizem!
A fonte da praça Rui Barbosa
Não tem o brilho da moeda
Que antes davam de comer
A crianças esquálidas
Nem mesmo ela hoje
Tem o glamour do passado.
Mais a fonte do poeta!
Que sentado no banco de concreto frio
Ao lado de vividas historias
Ah! Essas determinam o valor do brilho
De vistas sincréticas nas asas da águia
Que nos horizontes vociferam civilistas
As dores, valores e amores do caipira.
Nestes novos radiantes quadros a lápis
Mesmo sem querer campeio
Os brados dos cidadãos.
Deles podemos ouvir canções felizes
Alem de saborear os sons da juventude
A ecoarem nos bares duma Brasília interiorana.
Na casa dos tons elipsoidais
De vestido azul a dona Hilda Mandarino
Sempre caminha entre gente forte.
Os olhos de seus confrades
Hipnotizam a semente germinante
Da poética livre que agora você degusta.
Nestas linhas virtuais
Troco sem troco
Todo meu aprendizado.
A minha humanidade cativante
Ainda vaga surpreendente num Tiête limpo
Ali! No mesmo lugar
A espera de quem quiser lavar a alma
Ou quem sabe. Caso prefira apenas olhar as barcaças
A desfilar as concretudes mentais
A transportar a produção das terras paulistas.
Agora choroso devo confessar!
As escolas do dialogo publico
Não forjam linhas sérias
A altura da História araçatubense.
Elas nem mesmo estão dispostas
Ao dom supremo do ouvido amigo
Que deveria escutar os clamores
Do solitário posto no outro lado da ponte.
Na cadeira lenta da vida
Estática no quintal sem vista
Prosaica na tela de seu computador
Sentam-se os escolhidos.
Sem querer ser algo indigesto
Nas alvuras deste novo dia
Por muitos considerados mínimos.
Ainda florescem todas as esperanças
Dum dia de eterna solidariedade
Dias após dias
Vontades emanam ondas
Numas partículas desenfreadas
Tão inesperadas quais as carnes no varal.
Dia após dia
Minha alma ainda entristece
Com toda aquela imagem
Do homem feito cabisbaixo
A lembrar os tempos que ostentou a rosa vermelha.
Lembrar é viver
Assim já dizia o saber popular
Logo então devo saudar a critica calmamente
Sem esquecer os cravos dos jardins imaginários
A envolver minha atenção
Em exuberante poesia do lingüista.
Quantos dos cravos comuns
Das rosas brancas e vermelhas
O chão Teima em molhar?
No dia onde as lagrimas são de alegria
Mesas dos bares lotados
O garfo lembra o gelo
A queimar a brisa da responsabilidade.
Quem sabe um dia
Poesias serão quistas
Quem sabe um dia
Cada copo celeste
Em devaneios saltem a abobada
Deixo você leitor
Com a tarefa simples
Olhe ao lado
O cheiro da cidade sinta
Seu som de fundo escute
Beije a Historia de seu bairro
É leitor! Você também faz parte dessa festa.